Quem nunca se sentiu pressionada? Parece que muitas mulheres vivem assim. Será que esse é o nosso destino? Queremos ser tudo pra todos. Isso é uma benção ou uma maldição? Podemos ser um pouco de cada coisa. Uma porção mãe, outra profissional, outra porção dona de casa. Um pouco de freira, de santa, outra profana. Mas muitas vezes cedemos a pressão de ser tudo pra todos, nos esquecemos de ser um pouco de nós mesmas.
Mas como ser um pouco de nós, se muitas de nós fomos ensinadas na escola do serviço e da abnegação? De tudo o que ouvimos, na infância, na escola, na igreja, como identificar a nossa própria voz? Mas do que isso, e talvez, esse seja um problema de muitas mulheres, e quando a pressão acaba? Quando ninguém mais solicitar a nossa presença? Quando não for mais necessário atender as necessidades de todo mundo? O que fazer quando essa hora chega?
Não existe uma escola pra isso. O que fazer? É claro que podemos criar novas pressões, podemos ser tudo para os netos, mas eles também vão crescer. Podemos casar de novo, mas o casamento pode acabar. A verdade é que nada está garantido, a aposentadoria vem, a viuvez, a velhice. O que fica depois de uma vida pressionada pelo tempo e pelas demandas do mundo e das pessoas? Pode não sobrar nada, mas talvez venhamos a descobrir outros mundos, outras prioridades que brotem dos nossos desejos mais profundos.
Mas, pode ser também que o vício de viver na adrenalina, num mundo de pressão tenha feito muito estrago na nossa alma. Neste caso, é possível que a impossibilidade de reproduzir essa sensação de ter sempre alguém precisando de alguma coisa, possa nos levar a um sentimento de desânimo e a uma sensação de vazio. Será que existe remédio pra isso? Um curso, um retiro? Quem sabe uma nova terapia, um novo guru? Eu garanto uma coisa, se eu soubesse essa receita, estaria rica.
Poderia ficar alguns dias sozinha, em silêncio, num lugar tranqüilo. Poderia aceitar o convite de uma amiga e viajar para algum lugar mágico, com fama de abduções e cheio de histórias fascinantes. Poderia escrever algumas ideias que passam pela minha cabeça. Mais do que isso, eu poderia ficar feliz, nem que fosse uma felicidade passageira.
Feliz porque as minhas relações são mediadas pela gratuidade e não por obrigações. Feliz porque os meus filhos cresceram. Feliz, porque talvez, nem que seja nos meus sonhos, eu esteja contente com a minha vida, como ela é, hoje, agora, sem reclamar ou me projetar para o futuro. Talvez, o segredo da felicidade seja estar contente em todas as coisas. Me contentar, me alegrar, porque existe tempo pra tudo, pra cada fase, pra cada sensação, debaixo de sol.
Fica com Deus, até o próximo texto. Lembre-se de curtir o texto, e também compartilhar com seus amigos. Grata! Silvana Venancio
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