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Foto do escritorSilvana Venancio

Qual o tamanho do seu amor?



Será que existe uma tabela de medida que nos diz até que ponto podemos amar uma pessoa? Até onde vai o nosso amor? Creio que não, pois só há uma maneira de descobrir isso, é amando. Falar de amor parece tão fora de moda, num mundo organizado por interesses e conveniências. Falar de amor parece um luxo, dos sonhadores. É tão muito difícil amar, porque amar está no reino da gratuidade. Alguém pode dizer eu sei amar, eu amo os meus filhos, o meu marido, a minha esposa, amigos por aí vai. O engraçado é que embora haja tantas pessoas afirmando que amam, não são poucas as pessoas que se queixam, dizendo que os que elas mais desejam na vida é dar e receber amor. Se amamos tanto, porque sentimos tanta falta de amor? E por que olhamos para o mundo a nossa volta e afirmamos que há pouco amor no mundo?

A questão é sobre que tipo de amor nós estamos falamos? É claro que todos nós temos uma experiência de amor, porém existem mediações no amor. Existem critérios invisíveis para amar. Falamos do amor incondicional das mães. Será que isso é verdade? Qual o tamanho do nosso amor? É possível amar sem ser correspondido? É possível amar quando o outro não se enquadra num padrão de beleza, de inteligência e até de competência? Será que podemos amar o gordo, o feio, quem não obteve sucesso, não fez uma carreira ou quem não entrou em nenhuma universidade? Qual o limite do amor?

O amor ama o belo e o belo é bom. O amor ama filhos perfeitos, comportados. O amor ama mulheres altas, magras, louras. O amor ama homens sarados, jovens e bonitos. E quem ama os imperfeitos, os baixos, as gordinhas, os barrigudos, as mulheres mais velhas? Quem ama os meus cabelos brancos, o meu cabelo crespo? Quem me ama quando estou ranzinza, mal humorada? Quem ama os fracos? Quem ama quem tem dificuldade de aprendizagem? Não existe uma escola do amor. E se existisse como ela seria? Talvez exista, e essa escola se chama produção audiovisual. A nossa escola de amor vem da produção do cinema e da TV. Lá aprendemos a admirar belos corpos, gente jovem, bonita. Mulheres com mais de 50 anos não encontram seu príncipe desencantado. Como amar na vida real, se nossos filhos não estão num comercial de margarina? Como amar os homens que não dirigem um carro esportivo, que não pilotam helicópteros, que não tocam piano com uma calça jeans rasgada, sem camisa mostrando, seus músculos? Como amar mulheres que tem aquele pneuzinho e a celulite que marca a sua pele? Como amar uma mulher que tem sempre dor de cabeça? Qual o tamanho do seu amor?

O meu amor é limitado, só Deus ama infinitamente e incondicionalmente. Eu não sou Deus, sou apenas humana. Mas uma coisa tem me ajudado a amar, olhar pra mim. Quando eu vejo as limitações no meu corpo, de uma mulher que não é mais jovem. Quando eu olho e vejo os meus fracassos, as minhas dúvidas. Quando eu vejo que posso fazer as melhores e as piores coisas. Quando eu vejo que eu não trilhei o caminho mais rápido, não fiz sucesso, não fui uma referência para uma empresa e nem para a igreja, eu fico mais tranquila e livre para amar.

Talvez aos meus 20 ou 30 anos, eu quisesse conquistar o mundo, atualmente, no entanto, com 50 anos, eu só quero amar. Eu não sei amar com o amor de Deus, não tenho essa capacidade, mas eu quero amar, com o meu amor. Com um amor, que ama pessoas que são parecidas comigo, nem melhores e nem piores. Com as mesmas falhas, imperfeições, que eu tenho, no corpo e na alma.

Qual o tamanho do meu amor? O tamanho das pessoas que eu amo.

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