Eu vou deixar de ser feliz por medo de ficar triste? É o título de uma peça de teatro baseada numa história real e contemporânea. A peça conta a história de uma mulher na faixa dos 50 anos que se depara com o desafio de assumir o namoro com um rapaz bem mais jovem.
Mesmo que nunca venhamos viver uma história assim, o medo de ser infeliz pode nos impedir de sermos felizes. Eu não falo aqui de um grande final feliz, com dançarinos e o protagonista cantando, como no final dos filmes indianos. Eu falo de uma felicidade possível. E isso implica em nos deixarmos levar pela incerteza. Difícil, não é? Mas não é impossível. É aceitar o desafio da vida. Não existem garantias eternas, é necessário abrir mão do controle.
Esse é o nosso desafio, o meu desafio e, talvez, a aposta mais alta das nossas vidas. Para sermos felizes, nós precisamos abrir mão do controle, de exigir garantias para entrar em qualquer tipo de relacionamento.
A nossa mente funciona mais ou menos assim: eu quero um trabalho, mas eu quero garantias de que não serei mandada embora e, por causa disso, muita gente se submete a um emprego público que odeia, por medo de ficar desempregada.
Outro exemplo: algumas pessoas não se comprometem com um grupo religioso por causa do medo de se decepcionar. Namoro então... As mais jovens querem garantias para saber se o namoro é pra casar ou não.
Eu descobri uma coisa no meu processo terapêutico e na minha jornada de espiritualidade: eu não tenho o controle da vida, das pessoas, dos acontecimentos. Saber disso, me liberta para viver com menos medo, com mais alegria, com o peito aberto.
Eu posso fazer uma lista enorme de várias oportunidades que eu perdi, pessoas que eu deixei de conhecer, amizades que eu deixei de iniciar porque eu queria ter garantias de que tudo daria certo – que eu não seria magoada, não ficaria triste. O mais irônico disso tudo é que o medo da decepção, o medo de ficar triste, acaba nos levando inconscientemente a concretizar essa situação: a tristeza.
Uma forma de mudar isso é não se deixar contaminar pela negatividade e abrir-se para o novo, aceitar a vida com aquilo que ela traz: a mudança, o devir, sem medo. Aceitar que não temos controle e isso é bom. Não podemos controlar nada e nem ninguém e o bom disso é que a recíproca é verdadeira. Somos livres para ir e vir como quisermos e quando quisermos.
Essa é a beleza da vida e dos relacionamentos, eu não quero “matar” os meus relacionamentos querendo ter o controle.
Por isso, eu quero fazer essa afirmação e te convido a fazer também: eu confio nos meus amigos, eu confio nos meus filhos, eu confio no meu amor. Não preciso controlar os seus passos. Não preciso duvidar das suas intenções. Eu tenho olhos puros e um coração puro para te receber na minha vida. E assim como Deus é livre, e o Espírito sopra onde quer, eu te recebo na minha vida livremente.
Fica com Deus, até o próximo texto. Lembre-se de curtir, compartilhar com seus amigos e deixar o seu comentário aqui. E curta também a minha página. Me segue no Instagram, todo dia tem um vídeo com uma mensagem do Evangelho. E toda quarta tem vídeo no YouTube. Grata!
Silvana Venancio, é pastora, teóloga e professora de Filosofia. É divorciada, mãe do João Paulo e do José Esthevão. É discípula de Jesus de Nazaré há mais de 40 anos. Vive a sua espiritualidade com respeito e abertura a todas as confissões religiosas.
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