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Foto do escritorSilvana Venancio

Como a teologia pode atrapalhar a nossa espiritualidade



Não quero que ninguém pense que estou fazendo aqui uma oposição entre teologia e espiritualidade – longe de mim propor tamanho absurdo. Eu sou doutora em teologia e tenho muito orgulho disso. Foi uma conquista árdua e que mudou a minha vida. Também não é o meu objetivo falar do “divórcio” entre teologia e espiritualidade que muitos julgam ter acontecido a partir do livro A imitação de Cristo. O meu questionamento é em relação aos ensinamentos práticos de Jesus e como determinadas ênfases teológicas podem nos afastar deles.


Seguir Jesus é entrar num caminho, num segmento que pressupõe mudança de vida, de atitudes, mudança de mentalidade, e isso é o que nós conhecemos como conversão. Existe uma dimensão fundamental, existencial e essencial que acontece conosco, que a teologia concebe e descreve muito bem. Somos pecadores e a salvação não muda esse estado completamente, isso é para a tradição clássica protestante, no catolicismo é diferente. A teologia protestante ensina que somos, ao mesmo tempo, santos e pecadores. Essa afirmação é belíssima, pois indica que apesar de todos os nossos esforços, sempre estamos a caminho, sempre vai faltar alguma coisa, pois nossas ações, quer queiramos ou não, ainda estarão contaminadas pelo pecado.


No entanto, a ideia de ser pecadores não pode ser ensinada e recebida como não fazer nada, para nos darmos por vencidos e nos esquecermos que temos um caminho a seguir e um mestre que nos ensina a viver. Esse mestre, Jesus, tem muitos seguidores, que nos ensinam um monte de coisas proveitosas – geralmente no âmbito moral e comportamental. Não beber, não fumar, não comer carne, desculpe, isso nós não ensinamos, por que será? Tudo isso é muito bom. Mas e chorar com os que choram, amar os inimigos, não amaldiçoar o irmão, não julgar?


A ideia de que somos santos e pecadores é sensacional. Mas separamos, o que os reformadores quiseram nos transmitir, como um binômio inseparável. Calma, eu explico: quando o assunto é beber, fumar, fazer sexo, “pular” carnaval, precisamos ser santos; porém, quando o assunto é não julgar, acolher, amar, não nos esforçamos para agir assim, porque somos pecadores – tem alguma coisa louca nisso tudo. Outra coisa que pode atrapalhar a nossa espiritualidade é pensar a salvação apenas como uma mudança ontológica, ou seja, saímos do estado do pecado original, e agora estamos salvos, pela Graça e isso é tudo.


Saber que somos salvos pela Graça é um ganho existencial enorme, pois não há nada nesse mundo que possa nos afastar do amor de Deus. Mas a salvação é um caminho e não uma verdade teológica apenas. A salvação é vivenciada na vida, no cotidiano, nas relações.


“Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Venham, benditos de meu Pai! Venham herdar o Reino que está preparado para vocês desde a fundação do mundo. Porque tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; eu era forasteiro, e vocês me hospedaram; eu estava nu, e vocês me vestiram; enfermo, e me visitaram; preso, e foram me ver.’ — Então os justos perguntarão: ‘Quando foi que vimos o senhor com fome e lhe demos de comer? Ou com sede e lhe demos de beber? E quando foi que vimos o senhor como forasteiro e o hospedamos? Ou nu e o vestimos? E quando foi que vimos o senhor enfermo ou preso e fomos visitá-lo?’— O Rei, respondendo, lhes dirá: ‘Em verdade lhes digo que, sempre que o fizeram a um destes meus pequeninos irmãos, foi a mim que o fizeram’.” (Mateus 25:34-40).


Eu não tenho a pretensão de ser santa, no sentido do imaginário popular, eu quero é seguir Jesus. Nesse caminho, eu quero purificar as minhas ações e pensamentos. Quero fazer isso com alegria, dançando forró, lendo um bom livro, fazendo exercícios, rindo de boas piadas, tomando um bom café e jogando conversa fora.


Fica com Deus, até o próximo texto. Curta, compartilhe com seus amigos amigas e deixe o seu comentário aqui. Me segue também no Instagram e no YouTube. Visite e curta a minha página no Facebook. Se inscreve aqui. Grata! 

Silvana Venancio é pastora, teóloga e professora de Filosofia. É divorciada, mãe do João Paulo e  do José Esthevão. Discípula de Jesus de Nazaré há quase 40 anos, vive a sua espiritualidade com respeito e  abertura a todas as confissões religiosas. 

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