
Tem uma história no livro Mulheres que Correm com os lobos que fala muito bem dessas sensações. A história fala de uma mulher-foca que tem a sua pele roubada. Os sentimentos de aridez, exaustão e nostalgia são sensações que acompanham quem teve a sua pele roubada.
Ter a pele roubada é perder a sua identidade, é deixar de ser quem nós somos em função de algo ou alguém. Na história do livro, a pele é roubada por um homem solitário que promete devolvê-la, se ela casar-se com ele. O simbolismo do homem solitário é muito interessante, ele representa os apelos do mundo que nos dizem: entregue aquilo que te é mais caro, mais importante – a pele da sua alma, que eu te farei feliz. - Só eu posso fazer isso.
Abrimos mão daquilo que nós somos, dos nossos sonhos, das nossas ideias, das nossas crenças por causa da promessa de um amor eterno, de um emprego ou de uma religião. Seja o que for que nos aconteceu, sentimos que perdemos a nossa própria pele. Como na história da mulher-foca, perdemos o nosso viço, a nossa alegria, a nossa vitalidade.
Nesse processo, somos invadidas por uma sensação de aridez, a vida perde o gosto. Sentimo-nos no deserto, vagando, como se não tivéssemos alma, exaustas. Quando fazemos coisas, sem que estejamos ali, sem que a nossa alma esteja plenamente presente, tudo o que fazemos gera cansaço, enfado.
Por isso, sentimos saudade de um tempo, onde podíamos dançar livres, correr na praia na companhia de outras mulheres-focas, selvagens, lindas e livres. Esse sentimento que nos invade é a nostalgia de uma época, quando acreditamos que fomos livres e felizes e queremos voltar para esse lugar, mas muitas de nós, perdemos o mapa.
Recuperar nossa pele não é uma tarefa qualquer, exige calma, silêncio, ajuda, etapas. Hoje, eu quero te falar de uma etapa importante. Trata-se de fazer um pacto com você. De olhar pra dentro e pra Deus e dizer: - eu não vou desistir, eu vou voltar para casa, vou morar em mim mesma. Esse pacto é uma etapa importante do retorno da nossa alma, para sermos quem nós somos.
Nesse pacto, tomamos a consciência de que temos uma trajetória que é só nossa. E que pessoas, projetos, ideias, crenças podem se juntar a nós nesse caminho, mas não podem nos roubar de nós e nem nos tirar da nossa própria trajetória. Essa é a hora de orar e pedir: - Deus mostre-me a sua vontade. E para a nossa surpresa e alegria, descobriremos que a vontade de Deus é que sejamos livres.
Fica com Deus, até o próximo texto. Lembre-se de curtir, compartilhar com seus amigos e deixar o seu comentário aqui. E curta também a minha página. Me segue no Instagram e no YouTube. Visite também a minha página no Facebook. Grata!
Silvana Venancio, é pastora, teóloga e professora de Filosofia. É divorciada, mãe do João Paulo e do José Esthevão. É discípula de Jesus de Nazaré há mais de 40 anos, e vive a sua espiritualidade com respeito e abertura a todas as confissões religiosas.
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