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Foto do escritorSilvana Venancio

Como a pausa pode ajudar a lidar com a sensação de vazio? | Parte 1 | Silvana Venancio



Quem nunca teve um sentimento de vazio? Uma sensação estranha. Parece que nada faz sentido. Nossos planos, nossos projetos parecem que não vão dar em nada e somos levamos a querer desistir de tudo.


O sentimento que nos invade é de terror e medo, como se estivéssemos dentro de uma nuvem densa de escuridão. “... Quando o Sol se pôs, Abraão caiu num sono profundo, e uma sensação de terror se apoderou dele, porque a escuridão era muito densa.” Gênesis 15:12 (Versão A Mensagem).


A sensação é de deserto. Na experiência do deserto, coisas simples, que antes eram confortantes, como saborear o café da manhã, cuidar das plantas, ouvir o canto dos pássaros são esquecidas. Quando nos sentimos assim, deixamos de ouvir esses sons, as plantas morrem, pulamos o café da manhã e usamos o tempo como desculpa.

O esquecimento das coisas mais simples que dão sentido a nossa vida, associado a experiência de terror e de medo, podem ter um fundo psiquiátrico, como a depressão ou a síndrome do pânico, por exemplo. Antes, porém, de um diagnóstico tão drástico, é bom observar que esses estágios podem estar presentes na vida de qualquer pessoa que se enche de tarefas.


Trabalhar muito, participar de muitos eventos, ter uma participação intensa nas redes sociais, sem tempo para pausas, podem nos esgotar e aumentar ainda mais a nossa sensação de vazio.


Tudo na vida precisa de pausas, uma dança, necessita de pausas. O corpo necessita de pausa para o descanso.


Durante o dia, nós precisamos de pausas para respirar. Você pode achar engraçado e pensar: fala sério, pausa pra respirar... se eu não respirar eu morro. É verdade. Mas não paramos para prestar atenção a nossa respiração. Sentir o ar entrar e sair dos nossos pulmões.


Você e eu precisamos de pausas. E um gesto simples, como respirar atentamente, nos devolve o sentido de estar presente em tudo o que fazemos. Corremos de um lado pro outro, como se tivéssemos tentáculos, tentando segurar tudo ao mesmo tempo. Uma boa notícia é que não somos polvos, lulas, seja o que for, somos humanos com duas mãos e dois pés. Não podemos dar conta de tudo, não podemos estar em todos os lugares, realizar todas as tarefas.


Quantas coisas as nossas mãos podem pegar, quantas atividades nós podemos realizar, sem sentir angústia? Sem achar que estamos sendo sugados, sugadas até ficar sem energia?

Eu sei que nós não vamos parar com grande parte das nossas atividades. Não se engane, mesmo quando você se aposentar, continuará dizendo que não tem tempo pra fazer as coisas que você sabe que são importantes para a sua saúde física e emocional.

Você não vai parar, eu não vou parar. Somos muito relevantes. Nossa presença é importante demais para isso.


Achamos que somos fundamentais na estrutura da nossa família. Acreditamos que a empresa onde trabalhamos não pode prescindir de um funcionário tão competente e pró ativo. Todas essas desculpas são válidas. Existem inúmeras situações que dependem de nós, e isso é verdade.


Mas o vazio é só nosso. A sensação de exaustão, de aridez é minha e de mais ninguém. Só eu posso fazer alguma coisa pra me curar. Só eu posso dizer pra mim mesma: basta, eu não aguento mais. Quero um lugar só pra mim. Um lugar de cura, um lugar para lamber as minhas feridas, mesmo sabendo que a minha alma estará eternamente ferida.

Há feridas que nunca irão se curar. Por isso mesmo eu preciso de tempo pra colocar um bálsamo sobre elas, para que não cheire mal, apodrecendo os meus relacionamentos.

Eu preciso de pausa e você? Vamos continuar dizendo que está tudo bem? Que estamos no controle da nossa correria? O que podemos fazer para não ser engolidos pelo vazio da nossa alma?

Continua...

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