Talvez a coisa mais difícil na minha vida tenha sido entender que a minha história é minha responsabilidade. Mas em algum momento, quando me perdi de mim, eu fui entregando essa responsabilidade para outras pessoas.
Eu entrego a direção da minha vida, não somente quando as pessoas decidem por mim, tomam a frente dos rumos da minha vida e do meu destino. Eu faço isso, quando eu vou elegendo culpados, responsabilizando os outros pelos meus fracassos, por minhas dores, por causa da minha incapacidade de gerir a minha própria vida.
É muito difícil admitir que o medo da vida me fez delegar a responsabilidade para outros, seja de gerir ou de levar a culpa pelo que me acontece.
No meu caminho de autoconhecimento, de voltar para a minha própria casa, para minha morada interior, eu descubro que eu preciso assumir a responsabilidade da minha vida.
Tem um teólogo que eu gosto muito, Paul Tillich, que ele diz: o destino é formado por nossas decisões e responsabilidades. O meu destino é ser eu mesma, com todas as minhas histórias. No livro da minha vida tem medo, arrependimento, dor, mágoa, ressentimento.
E para ser bem sincera, eu me sinto mais livre, quando eu consigo vencer a tentação de eleger culpados ou de me culpar. A minha vida reflete vários momentos de decisões, minhas e de outras pessoas ligadas a mim.
Mas eu não vou chorar eternamente pelo meu passado, vou olhar pra ele e dizer: - nossa, que história! Eu vivi tudo isso e ainda estou aqui, vivendo... Que Graça, que bondade de Deus, a minha história é tão parecida com tantas outras histórias.
O conteúdo pode ter sido diferente, as tramas também, mas somos todos sofredores.
O grande lance, o grande salto nisso tudo, é enxergar a beleza de ver a presença de Deus em cada momento. O bom é ver os ganhos – eu sei que há perdas no processo também –, mas os ganhos eu quero descobrir. De um desses ganhos, eu já tenho conhecimento: - tudo o que eu vivi me fez ser quem eu sou.
Eu posso não ser a mais santa, a mais equilibrada, mas eu sou eu, inteira, e isso é o meu maior ganho. Eu vivi e quero viver ainda mais. A vida não é fácil, ninguém disse que seria. Ela é um complexo de dores e alegrias, decepções e contentamentos. E eu quero tudo que houver nessa vida.
Não é possível viver pela metade, querendo somente o lado bom da vida. Mas é possível, nas nossas limitações, viver a nossa própria vida. Ela nunca será perfeita, mas ela será mais bonita se tivermos nela. Assim, seremos mais inteiras, ao aceitarmos o convite de Jesus: - Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.
Fica com Deus, até o próximo texto. Lembre-se de curtir, compartilhar com seus amigos e deixar o seu comentário aqui. E curta também a minha página. Me segue no Instagram e no YouTube. Visite também a minha página no Facebook. Grata!
Silvana Venancio, é pastora, teóloga e professora de Filosofia. É divorciada, mãe do João Paulo e do José Esthevão. É discípula de Jesus de Nazaré há quase 40 anos, e vive a sua espiritualidade com respeito e abertura a todas as confissões religiosas.
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