O ser humano é um ser muito interessante. Somos classificados como mamíferos, ou seja, estamos no reino animal, somos mais um entre outros. Temos as mesmas necessidades de alimento, de abrigo, de descanso. Mas como diria o bom e velho teólogo, o ser humano é um ser de finitude e transcendência. “A gente não quer só comida, a gente quer bebida, diversão, balé. A gente não quer só comida, a gente quer a vida, como a vida quer. A gente não quer só comer, a gente quer comer, e quer fazer amor. A gente não quer só comer, a gente quer prazer, pra aliviar a dor. A gente não quer só dinheiro, a gente quer dinheiro e felicidade. A gente não quer só dinheiro. A gente quer inteiro e não pela metade.” Esses versos traduzem o nosso desejo de transcendência, não queremos só comer, beber, dormir e morrer. Queremos mais, queremos toda a beleza do mundo, queremos qualidade de vida, queremos amor, respeito, dignidade. Mas existem momentos que nada faz sentido. Às vezes eu me sinto como o pregador no livro de Eclesiastes, no vazio, do vazio. A pergunta que vem é: o que adianta correr atrás do vento? O que adianta fazer isso ou aquilo? Parece que nada muda. O que foi ontem se repete hoje e amanhã. Nada muda de baixo do sol. Talvez você nunca tenha vivido essa experiência. Mas certamente existe alguém que se sente assim. Nada faz sentido. Crueldades como a de Brumadinho, Mariana, Chernobyl, Auschwitz se repetem. Crianças moram nas ruas. Amores são desfeitos. Perdemos nossos amigos antes da melhor idade, da terceira idade, antes de se tornarem idosos, de serem velhos. Nada faz sentido E quando a vida não faz sentido. Resta-nos olhar as flores. Ouvir o mar. Sentir o sol na pele queimar. Beijar o vento. Sonhar com os anjos. Orar de joelhos. Dançar na lua. Subir o monte. Silenciar e esperar. Deus vem!
Silvana Venancio
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