Psicologia Junguiana: não adianta resistir às mudanças

Gilberto Gil cantou esses versos: “tem que morrer pra germinar”. Jesus disse: “Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto” (João 12:24). É preciso morrer o trigo para nascer o pão.

São muitos processos de transformações, da semente para o trigo e deste para o pão. Esse processo de transformação pode ser percebido  como metanoia. Uma palavra usada no contexto religioso e na psicologia por Carl Gustav Jung.

Na metanoia, que é um processo da Psicologia Junguiana é preciso deixar morrer o velho, para surgir novo.  É uma tomada de consciência do  que precisa ir para que a  pessoa possa ser ela mesma, com inteireza, com integridade. Se até esse momento vivemos um aspecto da nossa vida, da nossa personalidade, na metanoia, o que estava esquecido, no inconsciente deseja vir com força. Se não deixar morrer, essa transformação não acontece. Precisa morrer pra germinar. Um cliente, na terapia, me disse: “preciso sair da frente para o novo vir”.  

O meu processo de metanoia começou quando eu tinha 33 anos. Pois é, a  idade da Paixão de Cristo, essa é uma situação arquetípica. Por volta dos trinta, quase sempre sofremos uma profunda dor ou damos início a uma profunda transformação, gerada por uma crise.

Minha primeira, grande crise. Questionei tudo o que tinha vivido até aquele momento. E isso faz parte do processo de metanoia. Foi uma dor tão profunda, que pensei  que iria enlouquecer. Tinha uma fantasia que seria levada numa ambulância, numa camisa de força. Isso não aconteceu. Mas eu não sai da frente e não deixei passar, a nova Silvana, eu resisti e ainda resisto.

No meu caminho de Espiritualidade é preciso morrer para germinar. O que ainda precisa morrer em mim? O que precisa nascer, que eu ainda estou impedindo, por medo, por comodismo, insegurança? Resistir só causa mais sofrimento. Não quero resistir, desejo me entregar, Por isso a linguagem religiosa é perfeita. Me entrego a Deus, me entrego ao Self. Que seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu.

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Silvana Venancio

Teóloga, pastora, arteterapeuta e terapeuta junguiana

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