Nós, mulheres, logo cedo fomos convidadas a trilhar o caminho da abnegação. Disseram isso pra gente de um modo simbólico e silencioso e, por isso, tem um poder tão forte. E o ensino religioso reforça ainda mais essa ideia.
Como podemos ser, então, nós mesmas, se muitas de nós trilhamos o caminho da abnegação? Temos os nossos sonhos secretos. Nossos desejos mais íntimos. Mas eles parecem bobos ou irrelevantes diante da missão de criar um filho, restaurar um casamento ou iniciar uma relação.
A cultura que nós nascemos, reforçada pelo discurso religioso, coloca em nós – quase sempre – a responsabilidade pelo sucesso dos nossos filhos e do nosso casamento. Ouvimos o tempo todo que “a mulher sábia edifica a sua casa e a tola a destrói”. É claro que esse texto bíblico tem algo a nos ensinar. Mas será que essa responsabilidade é só nossa?
Será que o Pai de Jesus Cristo é apenas um agente de uma cultura que esmaga a mulher e impõe a ela uma carga que ela não consegue carregar, por vingança ou prazer? Creio que não. O Deus revelado em Jesus Cristo é um Deus que alivia a nossa carga.
É um Deus que nos criou, como humanas, pessoas de carne osso. Esse Deus não exige de nós o flagelo, ele já sofreu na cruz por nós. Ele não exige de nós que sejamos mulheres deprimidas, ansiosas, cheias de culpas e estafadas de tantas responsabilidades. Será que é só nossa a tarefa de educar os filhos ou salvar um casamento que só nos causa dor e sensação de abandono?
Que Deus é esse que joga sobre nós a responsabilidade de nos anularmos para o bem dos nossos filhos e da nossa família? Será que é isso mesmo ou estamos lendo a Bíblia com os olhos de alguém que não nos ama?
Quem ama deseja o bem do outro, a alegria do outro, a saúde mental, emocional e espiritual do outro. Eu sei de uma coisa: podem existir milhares de pastores que se dizem homens de Deus e que despejam um peso enorme sobre nós mulheres, mas nenhum deles é maior que o amor de Deus.
O amor de Deus, a Graça de Jesus, é maior do que qualquer ensinamento de uma cultura ou de uma interpretação bíblica que exclui a responsabilidade masculina diante da educação dos seus filhos e do compromisso com suas mulheres.
Na minha caminhada com Deus, eu tenho aprendido a ser dependente Dele, eu não sou forte o suficiente para trazer tudo pra minha responsabilidade. Eu não quero morrer, doente, deprimida, achando que sou “Deus” e que cabe a mim resolver tudo. Eu sou apenas uma mulher amada de Deus. Um Deus que é puro amor, que me liberta e me convida à vida. Um Deus que me diz que um relacionamento, seja qual for, não pode nos roubar a vida.
Fica com Deus, até o próximo texto. Lembre-se de curtir, compartilhar com seus amigos e deixar o seu comentário aqui. E curta também a minha página. Me segue no Instagram e no YouTube. Visite também a minha página no Facebook. Grata!
Silvana Venancio, é pastora, teóloga e professora de Filosofia. É divorciada, mãe do João Paulo e do José Esthevão. É discípula de Jesus de Nazaré há quase 40 anos, e vive a sua espiritualidade com respeito e abertura a todas as confissões religiosas.
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