Não vivemos sozinhos no mundo. Muitas coisas nos atingem. Se eu ficar procurando vou encontrar inúmeras coisas, fatos, tristezas que me fizeram sofrer. Eu não tive uma fácil. Pra falar a verdade pouca gente teve. Os problemas podem variar. Uma pessoa não precisa ter os mesmos problemas que eu tive na infância, que não foram poucos, pra ser mais ou menos atingida. No fundo, não importa muito pra quem sofre, o sofrimento é o mesmo, a dor é mesma. Se você passou fome, como eu, ou se sofreu qualquer tipo de violência, como eu, ou se foram dores na alma. Toda dor é uma dor na alma. As dores na minha alma dizem quem eu sou. Elas me marcam, me definem. Quem eu seria sem elas, eu não sei. É impossível viver sem dor. Se não tivesse as minhas dores, eu teria outras. Não dá pra na minha idade, ainda acreditar que existe uma família perfeita, um emprego perfeito, um casamento perfeito, amigos perfeitos, igreja perfeita. Eu sinto dor, pessoas a minha volta podem cooperar com essa dor. Mas eu também causo dor. Não é possível viver sem se decepcionar ou decepcionar alguém, não chorar, não compreender, não ser compreendido. Mas o grande lance disso é saber que a vida é assim e talvez seja por isso que somos tão apegados a ela. A vida como ela é, como diria o velho dramaturgo. Essa vida nos desafia, queremos que ela seja melhor, brigamos por ela, não queremos deixá-la. Queremos viver, mas não se engane viver é sentir dor. Eu sei disso, mas sabe de uma coisa, só quem está vivo sente dor. Eu quero viver. Eu sempre brinco, eu sei que eu vou morrer, então eu quero morrer vivendo. Eu já escrevi sobre isso, mas o que é viver afinal? Essa pergunta sempre se repete. E o que é a vida? “Ela é maravilha ou é sofrimento? Ela é alegria ou lamento? O que é?” Eu fico com a pureza da reposta do poeta, é bonita, é bonita. Mas talvez ela seja apenas “a batida de um coração ou uma doce ilusão”? Seja como for, eu creio no Deus da vida. Silvana Venancio
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