
Ouço muitas mulheres dizerem essa frase, "eu não quero envelhecer sozinha" e quase sempre estão falando de relacionamento, de casamento. Será que envelhecer sozinha tem a ver com isso? Acho que não. Eu também não quero envelhecer sozinha, acredito que envelhecer sozinha seja uma escolha, mesmo que inconsciente. Existe muita expectativa depositada numa relação afetiva, como se ela conseguisse dar tudo o que o ser humano precisa para se sentir bem, confortável e amparado.
Por que eu falo isso? Casamentos terminam, parceiros morrem e além disso, alguém pode estar numa relação conjugal e se sentir sozinha. Viver sozinha, morrer sozinha é uma escolha. Eu não sou casada e moro sozinha. Quando eu entro na reunião do grupo de supervisão junguiana e interajo com todas aquelas pessoas, eu percebo que eu não estou sozinha. No domingo quando eu saio da igreja e almoço com os amigos e amigas, eu não estou sozinha. Quando eu vou ao cinema com uma amiga, eu percebo que não estou sozinha Quando eu rio das brincadeiras na minha aula de dança, eu não estou sozinha.
Se eu conseguir vencer todas as minhas barreiras, eu não vou morrer sozinha, na hora partida, um filho, uma irmã, uma amiga estará presente. Eu estou envelhecendo, daqui a poucos anos eu vou completar 60 anos e eu não estou envelhecendo sozinha e isso é muito bom. Morar sozinha não significa envelhecer sozinha. Não quero me isolar do mundo, das pessoas e nem quero depositar uma expectativa em qualquer ser humano de suprir as minhas carências. E já escrevi neste blog sobre minha carência infinita.
Eu não quero envelhecer sozinha, eu quero dar risadas, eu quero me aborrecer com as minhas amigas. Eu quero viajar sozinha e acompanhada. Eu gosto de ficar sozinha na Serra, mesmo que os meus filhos achem um absurdo. Eu adoro os encontros com as mulheres de sexta. Um dia vou escrever como elas entraram na minha vida. Pode ser que um dia eu venha a viver um romance ou não. Mas eu sei de uma coisa, eu não vou envelhecer sozinha.
Silvana Venancio é Doutora em Teologia e Terapeuta Junguiana
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Youtube: @silvanavenancio
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Eu, uma das mulheres de sexta, trago o testemunho de quanto o pertencimento é importante nesse "não estar só". Os amigos são a nossa maior garantia de liberdade, independência e autonomia.