
Quase todo mundo sabe sobre a importância dos mitos para a Psicologia Junguiana. Carl Gustav Jung fala de forças arquetípicas que podem dominar de modo inconsciente o comportamento humano. A força arquetípica dos mitos está no modo como eles se repetem nos padrões e naquilo que nos torna mais humanos.
Eu gosto dos mitos, a história humana está cheia deles. Eles falam do nosso passado e atualizam o nosso presente. Mitos são assim, eles são ricos em significados e estão abertos a múltiplas interpretações. Eles conhecem uma verdade para além da razão, uma verdade da alma.
No mito de Ariadne, ela entrega um novelo de lã para que Teseu encontre o caminho de volta no labirinto onde ele iria matar o Minotauro. O fio simbolicamente foi interpretado em muitos contextos como a consciência, como a razão. Será que existe alguma relação entre o fio de Ariadne e a Fé? Será que existe razão na fé?
Blaise Pascal, filósofo francês, diz que “o coração tem razões que a própria razão desconhece”. Eu quero parafrasear o filósofo dizendo, que “fé tem razões que a própria razão desconhece”. Existem muitas razões, entre elas está a razão instrumental. Existiu um tempo onde fé e razão não estavam separadas.
Eu quero falar aqui da fé como um fio da consciência. Um fio que mesmo que tenha lógicas próprias, desconhecidas da razão. Um fio que serve como guia para entrar no labirinto e sair dele, para fazer um mergulho nas dimensões mais profundas, ficar de cara com as sombras e o com o lado mais sombrio e sair de lá, guiada pelo fio da fé.
A fé é a confiança de que não vamos errar o alvo, que lá na frente a nossa melhor versão nos espera. Que valores mais humanos vão nascer na nossa alma e que a transformação que tanto esperamos vai acontecer. Sem dor não há cura. Não é possível ver a luz, sem mergulhar na escuridão. Carl Jung diz que "qualquer árvore que queira tocar os céus precisa ter raízes tão profundas a ponto de tocar o inferno."
Silvana Venancio - Analista Junguiana e Arteterapeuta
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