A leitura da Bíblia é parte integrante da espiritualidade cristã, porém, às vezes podemos ter uma dúvida: é melhor ler ou estudar a Bíblia? Quais os usos que eu posso fazer da Sagrada Escritura no meu cotidiano?
Eu tenho o hábito de ler a Bíblia todos os dias. Eu oro, leio e medito nas palavras que ali estão escritas. Mas além disso, existem outros usos que dou à Bíblia dentro da minha realidade. Entender as diferentes formas de usar a Bíblia pode nos ajudar a não cristalizar um único modo de ler o livro sagrado.
Existe ocasião pra tudo, para ler e estudar a Bíblia ou para usá-la na liturgia. O que eu vou fazer aqui é explicitar esses diversos níveis de leitura da Bíblia.
O primeiro nível da leitura da Bíblia é na oração. Esse nível de leitura é totalmente espontâneo, não nos interessa dicionários bíblicos, léxicos ou comentários. Estamos totalmente abertos para ler o texto puro, deixando-o livre para se comunicar conosco. Na leitura da Bíblia na oração, buscamos respostas para os nossos anseios e iluminação para as nossas decisões. Desejamos ouvir a Palavra de Deus pura e simples. No âmbito católico romano esse nível de leitura é praticado na Lectio Diniva. É o uso da Bíblia na meditação, na contemplação e na ação.
O segundo nível de leitura é na liturgia. É quando fazemos uso da Bíblia nos cultos, durante as celebrações. Na leitura e oração dos Salmos, na proclamação da Palavra que será lida e comentada no sermão.
O terceiro nível é no ensino, na catequese. Exige um pouco mais de conhecimento. É necessário saber um pouco sobre os textos bíblicos, como eles foram escritos e acolhidos na tradição cristã. Exige um pouco mais de conhecimento da escrita a Bíblia. Diferentemente do uso na oração, esse é o momento de fazer perguntas e buscar elementos para ajudar na compreensão dos textos bíblicos.
O quarto nível é o teológico. Nessa etapa, o leitor da Bíblia é convidado a fazer um uso mais racional das informações. Cabe aqui uso de dicionários, conhecimento técnico e histórico mais aprofundado. Do leitor da Sagrada Escritura será exigido conhecimentos filosóficos. Ele deverá saber articular a leitura com um contexto maior, envolvendo a história da igreja, a história da salvação e o desenvolvimento das doutrinas cristãs.
O quinto e último nível de leitura da Bíblica é na exegese (interpretação técnica e detalha de textos bíblicos, jurídicos e outros). Esse nível, geralmente, é realizado por um especialista, chamado de teólogo bíblico ou exegeta. Esse estudioso se debruçará cuidadosamente para um trecho, uma palavra ou expressão, no sentido de analisá-la detalhadamente. Nesse momento da leitura, ele não agirá como um teólogo que procura articular o texto com o contexto da fé e da Igreja. Ele vai fazer usa do conhecimento das línguas originais, fazer a trajetória da formação do texto, irá analisar a estrutura das línguas e as estruturas redacionais do texto. Ou seja, o texto ou uma palavra, independente do seu uso litúrgico, catequético ou teológico.
O texto bíblico é o mesmo e o leitor da Bíblia também é único. Mas pode fazer diferentes leituras do mesmo texto sagrado, e nenhuma leitura é mais ou menos importante que a outra, tem apenas objetivos diferentes. Quando eu leio a Bíblia na oração, eu faço isso para a minha edificação pessoal e quando eu estudo a Bíblia para ensinar como pastora ou como teóloga, por exemplo, eu busco mais informações para aplicar esses ensinamentos na minha vida ou na vida da igreja. Ler e estuda a Bíblia são disciplinas espirituais que nos alimentam e nos edificam como cristãos.
Fica com Deus, até o próximo texto. Lembre-se de curtir, compartilhar com seus amigos e deixar o seu comentário aqui. E curta também a nossa página. Grata! Silvana Venancio.
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